quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Suzuki: difícil entender como a atual geração do Jimny não oferece opções Diesel

Um dos menores veículos que até poderia ser homologado com opção Diesel no Brasil, por conta da tração 4X4 com reduzida, a atual geração do Suzuki Jimny Sierra é também um dos últimos off-road brutos apesar do tamanho contido iludir alguns incautos que não o dão o merecido crédito, Porém, o modelo é oferecido em todos os mercados com o motor K15B de 1.5L movido somente a gasolina e nenhuma outra opção desconsiderando o Jimny kei com motor de 0.66L também a gasolina exclusivo do mercado japonês. Tanto no Brasil quanto no exterior, uma série de fatores torna ainda mais bizarra a ausência de qualquer versão Diesel, passando desde a disponibilidade de motores Diesel na linha da joint-venture indiana Maruti Suzuki até diferenças entre a forma como alguns impostos incidem sobre a cilindrada, passando também por considerações quanto à adaptabilidade de alguns dispositivos de controle de emissões numa plataforma com severas restrições de espaço.

Tendo em vista a importância cada vez maior do câmbio automático no mercado brasileiro, e o fato desse ter em 2019 superado pela primeira vez a participação de mercado do câmbio manual entre os carros 0km a nível nacional, possivelmente o compartilhamento do mesmo câmbio automático entre os Jimny kei e Sierra e da mesma caixa de transferência entre o kei com ambas as opções de câmbio e o Sierra automático, com apenas os câmbios manuais e a caixa de transferência do Sierra manual e as relações de diferencial para cada configuração de motor e câmbio sendo específicas, a princípio uma eventual disponibilização de ao menos um motor turbodiesel poderia não se tornar tão problemática no tocante à logística da produção, ainda que acabasse restrita a uma única opção de câmbio. Poderia até contar com mais de um motor turbodiesel para cobrir especificidades de diferentes mercados, mas a princípio um só já poderia ser suficiente, considerando tanto desenvolvimentos próprios da Maruti Suzuki quanto um motor de origem Fiat. O fato da Maruti planejar fazer o upgrade para as normas de emissões Bharat Stage VI equivalente à Euro-6 somente do motor E15A de 1.5L leva a crer que seria a solução mais provável, ainda que a produção desse motor concentrada na Índia e a atual geração do Jimny sendo produzida somente no Japão possam soar como um empecilho.

Eventualmente um motor de tamanho menor, a exemplo do E08A de 0.8L e 2 cilindros cuja produção está em vias de ser encerrada em função da entrada em vigor das normas Bharat Stage VI já em abril, até poderia ser uma boa opção para tornar mais contidos os impactos da presença de alguns sistemas como o filtro de material particulado (DPF) e o SCR, mas para o Brasil haveria a dificuldade de não ser beneficiado por uma tributação menor que se aplica a automóveis com motor até 1.0L porque para os utilitários vigora uma alíquota de IPI única sem distinção de cilindrada e maior que a aplicada aos carros "populares". Poderia no entanto cair como uma luva para a Europa, onde diga-se de passagem o Jimny Sierra deixou precocemente de ser oferecido em função de novas abordagens para as normas de emissões que o penalizam desproporcionalmente em comparação a outros jipes de tamanho maior, em que pese a própria concepção do modelo torná-lo naturalmente menos "poluidor" tendo em conta valores absolutos de alguns parâmetros desprezando-se as dimensões externas.

Considerando que tanto o E08A quanto o E15A tem bloco e cabeçote de alumínio, tal qual o K15B já usado no Jimny Sierra, a princípio implementar a produção dos motores turbodiesel também no Japão já soa bem menos desafiador. Outro aspecto digno de nota é quanto a eventuais dificuldades advindas da presença do turbo para a refrigeração num compartimento de motor tão pequeno, mas vale lembrar que o motor R06A é aplicado sempre com turbo no Jimny kei, e assim a resolução desse problema já é outro aspecto aparentemente mais fácil do que se poderia considerar num primeiro momento. Logo, torna-se um tanto fácil deduzir que um aparente desinteresse por parte da Suzuki em oferecer a opção por motores turbodiesel chega a ter um peso mais significativo do que aspectos puramente técnicos, e mesmo que outras soluções como o outsourcing do motor Renault K9K 1.5dCi que chegou a ocorrer na geração anterior do Jimny sejam igualmente viáveis simplesmente não se vê nenhuma articulação nesse sentido para a atual.

Outra possibilidade a ser considerada, tendo em vista que a joint-venture indiana Maruti Suzuki já até recorreu na Índia ao licenciamento junto à Fiat para produzir e aplicar em alguns modelos feitos para o mercado indiano o motor 1.3 Multijet, bem difundido na Europa e que também marcou presença na América Latina, seria fazer uso do mesmo no Jimny Sierra. Além de uma versão de 80cv ainda poder dispensar o SCR mesmo para se manter enquadrada nas normas Euro 6d-Temp em vigor na Europa, é conveniente lembrar que ainda tem uma reserva razoável de potência e torque que mesmo com algum ajuste um pouco mais restritivo ainda permaneceria apto a proporcionar um desempenho satisfatório ao jipinho. O bloco de ferro usado nesse motor também tem a vantagem do custo de produção menor, além da percepção de uma maior robustez para suportar as altas pressões internas mais frequentes em motores Diesel de um modo geral enquanto blocos de alumínio ainda geram uma desconfiança junto a um público mais conservador.

Não se pode negar que o Suzuki Jimny Sierra tem características muito apreciáveis, atraindo tanto um perfil de consumidores interessados num 4X4 puro-sangue quanto outros que se interessam pelo porte compacto que proporciona uma boa manobrabilidade até mesmo em grandes centros urbanos. Porém, é inegável que a ausência de ao menos uma opção turbodiesel desencoraja possíveis compradores por não abrirem mão dessa característica e eventualmente tendo que recorrer a modelos maiores que nem sempre oferecem a mesma aptidão a condições de rodagem mais severas e certamente não oferecem a mesma manobrabilidade em espaços confinados. Enfim, considerando desde a "Lei de Gérson" como um pretexto para a presença de mercado de SUVs no Brasil ter crescido tão significativamente muito em função da possibilidade de usar motores turbodiesel até a viabilidade para se enquadrar junto às normas de emissões mais rígidas em vigor, chega a ser difícil entender a ausência dessa opção.

3 comentários:

  1. Não faz sentido um carro desse tipo não ter motor a diesel nem como opcional.

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  2. Se não fosse por causa do imposto que justifica usar o motor maior, podia ser até útil oferecer um motor pequeno para mostrar que ser a diesel não significa que vá deixar de ser ecológico.

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    1. Apesar de nem sempre o downsizing ser a estratégia mais acertada nesse sentido, no imaginário popular a cilindrada tem um peso maior no tocante à "sustentabilidade" do que possa parecer num primeiro momento.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html