terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Raridade: propaganda de motor Borgward-VM argentino para adaptação na Kombi

A história da empresa Borgward Argentina esteve desde o início envolvida em dificuldades, desde as condições políticas da Argentina durante a década de '50 até a falência da Borgward alemã em '61, de quem era licenciada inicialmente a produzir motores e veículos. Apesar de à época já ter capital todo argentino, teve de buscar outras licenças para continuar a produção de motores fornecidos a algumas fábricas de automóveis instaladas na Argentina, com a primeira das licenças obtidas junto à Hanomag já em '62 e ao mesmo tempo diversificando as operações passando a oferecer ainda componentes de chassi e transmissão à indústria automobilística argentina. O acordo com a Peugeot para produzir os motores Indenor com o modelo XD4.88 de 1.95L a partir de '68 renovou o fôlego da empresa, que além de fornecer para a estatal IME também supriu a SAFRAR que era representante da Peugeot na Argentina e até mesmo GM, Chrysler e IKA/Renault usaram esse motor em modelos tão diversos quanto o Chevrolet 400, o Dodge 1500 (equivalente ao 1800/Polara brasileiro) e o Jeep CJ-5. Chegou até a exportar motores completos para a matriz francesa da Peugeot em '72, além de ter produzido entre '75 e '76 o motor Indenor XDP6.90 de 6 cilindros e 3.17L que teve poucas aplicações na própria Argentina. Chegou até a produzir de '79 até expirar em '82 a licença da Peugeot o motor Indenor XD2 de 2.3L que marcou época no Peugeot 504, sendo que esse modelo só voltou a contar com a opção de motor Diesel em '84 com o mesmo XD2 já produzido pela SEVEL Argentina formada pela união das operações da SAFRAR/Peugeot com a Fiat Concord que durou de '80 a '99. Até que em '85 surgiram na Argentina os motores VM feitos sob licença pela Borgward inicialmente com vistas ao mercado de reposição, com registros da produção somente até '89.


Embora a produção tenha se iniciado com os motores HR 492 e HR 592, ambos de 2.4L e 4 cilindros e que foram amplamente usados diretamente de fábrica em veículos na Europa, é digno de nota o fato do motor HR 392 de 1.8L e 3 cilindros, que equipou de série somente o Alfa Romeo 33, também ter sido produzido na Argentina com vistas especificamente à adaptação em utilitários leves, destacando a Kombi na rara peça publicitária acima. É bem documentado que os motores Borgward-VM com 4 cilindros inicialmente contaram com versões turbo (492) e turbo-intercooler (592), o que certamente pesava em contrário junto a uma parte tradicional do público que ainda se mantinha fiel à rusticidade e menor custo inicial da aspiração natural, especialmente num período em que a Argentina passava por uma hiperinflação que desencorajava alguns investimentos, sendo que de '88 a '89 uma versão aspirada desse mesmo motor chegou a ser fornecida para equipar as últimas versões do utilitário Ranquel derivado do Rastrojero e também chegou a ser usado até no Ford Falcon. Já o motor HR 392, em que pese as únicas aplicações OEM no Alfa Romeo 33 tendo consistido de versões turbo de '89 a '89 e turbo-intercooler de '90 a '95, a princípio poderia até ter justificado uma versão aspirada para atender ao mercado de reposição na Argentina tanto devido a uma contenção de custos quanto a já ser apta oferecer um nível de desempenho adequado a alguns veículos tanto originalmente movidos a gasolina como no caso da Kombi quanto alguns Diesel mais antigos em faixas de cilindrada próximas. Poderia ter servido bem até à Volkswagen Argentina, tanto por ser mais rústico que o 1.6D originalmente aplicado em modelos da Volkswagen que incluíram a própria Kombi no Brasil quanto por ter mantido na Argentina a produção do Dodge 1500 desde a aquisição da Chrysler Fevre Argentina em '80 até '90. De '89 em diante há poucos registros sobre a continuidade da Borgward, que teria seguido até '98 como fornecedora de componentes para a SEVEL Argentina mas duramente atingida pelo encerramento da produção do Peugeot 504 em '99.

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