quinta-feira, 13 de junho de 2013

Indústria automobilística instalada localmente: pronta para atender à demanda proveniente de uma liberação do Diesel

Há quem insista em acusar um suposto lobby da indústria automobilística instalada localmente, que teria interesses escusos contra uma liberação do Diesel sem distinções de capacidade de carga, passageiros ou tração. A bem da verdade, empresas como a Fiat já lideraram iniciativas visando derrubar os principais estigmas que ainda persistem junto ao público brasileiro no tocante ao impacto ambiental, além de viabilizar alternativas para evitar um impacto muito acentuado na demanda pelo óleo diesel no transporte pesado com muito mais empenho do que a Petrobras...
A alguns anos atrás, vale destacar, a Fiat promoveu um ciclo de testes em parceria com o Inmetro visando a validação do uso de óleos vegetais puros como combustível no motor 1.7 TD70, anteriormente usado na Palio Adventure destinada à exportação, e apesar da concepção mais rudimentar que os atuais Multijet ainda respondia bem tanto aos riscos representados pela presença da glicerina no combustível vegetal quanto ao alto teor de enxofre no óleo diesel convencional, chegando até às 5000ppm em alguns mercados como por exemplo o Peru. Apesar de comprovada a viabilidade técnica, a má-vontade impregnada na gestão pública faz com que todo o esforço em busca de uma solução para a incoerência administrativa caia por água abaixo, e assim desde quem queira uma Palio Adventure com um motor mais adequado a condições ambientais severas até quem precise de um Fiorino para trabalhar com a agilidade que uma van full-size não pode proporcionar são prejudicados.
Convém ressaltar até a dificuldade acarretada nos programas de exportação das unidades fabris brasileiras, em decorrência de uma falta de estímulo aos investimentos que se fariam necessários para acompanhar a evolução necessária para manter a conformidade com normas de emissões cada vez mais rigorosas: se em modelos de concepção mais antiga como o Fiorino parece mais difícil justificar o valor agregado por um motor turbodiesel com tudo o que há de mais moderno, em segmentos de maior prestígio como o dos hatches médios atualmente disputado pelo Fiat Bravo a maior escala de produção italiana em virtude do mercado europeu mais receptivo ao Diesel acaba justificando até que se atenda a mercados como o argentino através da Itália ao invés de aproveitar a maior proximidade geográfica brasileira...

Em conversas de bar regadas a cerveja e petiscos, chegaria-se facilmente à conclusão que a disponibilização de um motor turbodiesel moderno para aplicações stand-alone nos segmentos náutico, agrícola e de equipamentos estacionários/industriais em geral seria uma boa opção para aumentar a escala de produção, valendo-se de vantagens consideráveis na suavidade de operação e sobretudo na relação peso/potência em comparação com o que ainda se tem disponível no mercado para tais finalidades.

A grande maioria dos motores Diesel de baixa cilindrada dedicados a aplicações estacionárias/industriais, agrícolas e náuticas não acompanhou toda a evolução que foi fundamental para a consolidação desse tipo de propulsor em aplicações automotivas a nível mundial, o que viria a representar uma boa oportunidade para difundir junto ao público brasileiro as melhorias já conhecidas em mercados mais desenvolvidos, podendo até contribuir para a derrubada de velhos preconceitos e fortalecer as discussões acerca da liberação do Diesel. Quem já viu de perto alguns motores estacionários na faixa de 1.0L a 1.5L ainda muito usados em embarcações de pequeno porte já desejou que fossem substituídos por um Multijet 1.3L usado em versões de exportação da Fiat Strada em virtude do maior conforto acústico proporcionado...
A indústria automobilística instalada localmente tem plenas condições de atender à demanda pelo Diesel em aplicações leves, mesmo reprimida pela incompetência estatal, mas podendo ainda contribuir de forma significativa para a segurança energética nacional também em outras frentes, desde a pesquisa e desenvolvimento de sistemas para combustíveis alternativos até a melhoria na eficiência em equipamentos não-rodoviários.

12 comentários:

  1. Já cheguei a olhar um desses motores de barco para adaptar na minha Palio Weekend mas na hora que eu vi o peso já desisti. Faz falta uns motores pequenos que sejam pequenos de verdade, esses que vendem aqui são uma porcaria pesado igual motor de caminhonete mas tão manco quanto motor de carro popular.

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    1. É até bastante comum se deixar enganar pela cilindrada ou pelo número de cilindros, criando a expectativa de que um determinado motor estacionário vá caber num compartimento apertado como o da maioria dos carros nacionais, e depois tanto o peso quanto o acoplamento ao câmbio se mostram muito mais complexos.

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  2. No verão andei num barquinho desses com motor de trator, tremia tanto que parecia que ia afundar a qualquer momento, não gosto nem de lembrar da sensação, fiquei que o coração quase saía pela boca. Realmente se começassem a vender carro pequeno a diesel e os motores deles não tremerem tanto, pode ser bom até para usar em lanchas pequenas.

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    1. Em outros países é mais comum encontrar versões marítimas de alguns motores a diesel automotivos. O motor 1.7 turbodiesel projetado pela Isuzu que equipou a Meriva e ainda hoje é muito usado pela GM tem versões náuticas comercializadas pela Mercruiser, a Volkswagen anteriormente manteve uma divisão própria de motores marítimos atualmente absorvida pela Cummins, a Fiat tem parceria com uma outra empresa italiana que comercializa versões marítimas de diversos motores a diesel da Fiat, até do 2.4 de 5 cilindros que foi usado no Marea europeu, o Indenor usado no Peugeot 504 foi comercializado pela Volvo Penta e ainda hoje alguns proprietários de veículos equipados com esses motores usam peças de reposição das versões náuticas.

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  3. Si se lo puede adaptar el motor de un tractor de hacienda a un auto como los sedans full-size estadunidenses, ahora que los motores diesel automovilísticos estan con tecnologias más avanzadas no debe tener xq molestarse al ver una de esas nuevas perlas de la inginieria en un tractor, tampoco a un grupo electrógeno.

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    1. O que incomoda alguns usuários nos motores agrícolas seria o limite de rotações mais baixo. Provavelmente em aplicações agrícolas e industriais os motores modernos não fugiriam muito a essa regra, e teriam um mapeamento de injeção diferenciado limitando as faixas de rotação em detrimento da potência, mas sem prejudicar o torque, que em muitos motores de alta rotação modernos já está surgindo em regimes que antes caracterizavam motores de baixa rotação, mantendo uma curva bastante plana mesmo em faixas mais altas de rotação.

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  4. Chega a dar vergonha de ser brasileiro isso. Virou zona, fazem as coisas para gringo mas os brasileiros não podem ter acesso por causa dessa politicagem suja.

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  5. Só o que ainda é tenso nesses motores automotivos novos é a questão dos bicos injetores mais sofisticados e muito sensíveis, mais caros de substituir se der algum problema, tanto que eu ainda não vi motor eletrônico nem em gerador apesar da redução de ruídos tão aclamada nos common-rail mais novos ser uma mão na roda em instalações hospitalares por exemplo.

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    1. Para outras aplicações eventualmente um sistema simplificado, com gerenciamento eletrônico apenas na bomba mas bicos mecânicos, poderia servir a contento, mas já se ganharia em logística para outros componentes como o bloco, pistões, além de eventualmente haver alguma intercambialidade entre comandos de válvulas com diferentes perfis...

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  6. Um motor desses a diesel mais modernos ficaria até bom numa lancha mesmo, se até a Amarok usa motor relativamente pequeno.

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  7. É triste mesmo, apesar da indústria ter condição de nos atender bem o governo cria dificuldades.

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  8. Já andei numa lancha com motorzinho a diesel e o barulho incomoda um pouco mas o pior ainda era a fumaça grudando no cabelo.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html