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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
Caso para reflexão: Dacia Dokker/Renault Nuevo Kangoo argentino e a competitividade entre motores de ignição por faísca e Diesel
A situação muda de forma mais significativa quando se trata de motores a gasolina atualmente usados no modelo, tendo em vista que na Argentina é oferecido o motor Nissan HR16/Renault H4M de 1.6L com injeção sequencial nos pórticos de válvula e aspiração natural enquanto o Dokker destinado ao mercado europeu faz uso do HR13DDT, cuja nomenclatura na linha Renault é H5Ht e recorre tanto ao turbo quanto à injeção direta. Um aspecto a se considerar, tendo em vista que ambos os motores a gasolina são derivados do mesmo projeto básico com 16 válvulas e comando duplo sincronizado por corrente, é que o de especificação mais avançada já necessita de filtro de material particulado. Ainda que pareça mais simples o procedimento de autolimpeza ou "regeneração" desse dispositivo num veículo com motor de ignição por faísca, bem como inexista a necessidade de repor o fluido-padrão AdBlue/ARNOx-32/ARLA-32 que as versões Blue dCi hoje à venda no mercado europeu requerem para o controle das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), já se observa uma série de características que acabam diminuindo a competitividade que um motor de ignição por faísca poderia ter à medida que as normas ambientais tem sido desproporcionalmente mais rígidas com relação aos motores Diesel.
Para o modelo argentino, a injeção nos pórticos de válvula favorece tanto os custos de aquisição e de manutenção quanto facilita eventuais conversões para gás natural que são muito populares por lá, e até não seria o caso de ignorar a aptidão do motor ao uso do etanol, lembrando que outros modelos da linha Renault recorrem a uma versão flex do mesmo no Brasil. No tocante às emissões, por incrível que pareça a injeção mais simples se revela vantajosa ao proporcionar vaporização mais completa do combustível que resfria mais a carga de ar de admissão e proporciona uma queima mais completa, ao contrário da injeção direta usada no similar europeu que acaba tendo o inconveniente de contar com um menor intervalo de tempo entre a injeção e o centelhamento da ignição, que acaba por replicar de certa forma a dificuldade observada para que se implemente um controle simultâneo das emissões de material particulado e NOx num motor Diesel. Por mais que em diferentes condições ambientais uma alteração no volume de combustível injetado já proporcione o controle dos NOx mais facilmente que num motor Diesel, até em função da maior volatilidade da gasolina comparada tanto ao óleo diesel quanto a alguns substitutivos como o biodiesel, a vaporização fica mais incompleta em função duma maior proporção de combustível pela massa de ar previamente aquecida durante a compressão, logo o filtro de material particulado é mais exigido.
Eventualmente o turbo e a injeção direta, hoje imprescindíveis num motor Diesel veicular moderno, não sejam exatamente a melhor opção para motores a gasolina ou até mesmo para os flex ainda que dispensem um pré-aquecimento do combustível durante a partida a frio com etanol, tanto pelo custo quanto pela maior complexidade que já se observa no controle de emissões. E mesmo que ainda seja à primeira vista aparentemente mais convidativo arcar com algum aumento mais pontual do consumo de gasolina em condições ambientais que causem certa dificuldade para o controle dos NOx do que com uma eventual dificuldade para encontrar AdBlue/ARNOx-32/ARLA-32 em alguns trechos numa viagem, tal circunstância deixa claro que mesmo um motor a gasolina que recorra a características anteriormente mais frequentemente associadas aos Diesel pode não ser um substituto tão "perfeito". Enfim, mesmo que a ignição por faísca possa parecer uma opção mais convidativa tanto por meio de uma abordagem mais modesta quanto recorrendo aos últimos avanços, está distante de eliminar por completo a competitividade do Diesel mesmo em segmentos não tão prestigiosos nem pesados...
2 comentários:
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html
Um furgão desses pode ser até melhor que um SUV para muita gente, mas sem câmbio automático não dá.
ResponderExcluirCâmbio automático é muito bom mesmo, e realmente pode ter pesado contra a presença desse tipo de veículo no mercado brasileiro não contar com essa opção.
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