quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Caso para reflexão: Lexus UX250h, motor Dynamic Force e a inédita opção híbrida para o Toyota Corolla

Um dos modelos com o desenho mais interessante da atual geração de SUVs, o Lexus UX é vendido no Brasil somente como híbrido, embora tanto as versões de propulsão convencional UX200 quanto as híbridas UX250h usem variações do mesmo motor Toyota M20A "Dynamic Force". Enquanto o UX200 tem uma versão somente a gasolina do mesmo motor M20A-FKS oferecido no Brasil nas versões flex movidas a gasolina e etanol com propulsão convencional no Toyota Corolla, o UX250h usa o motor M20A-FXS que não tem versões flex em nenhum mercado. A bem da verdade, o fato de ter injeção dupla direta e nos pórticos de válvula teoricamente seria benéfico ao uso do etanol, tendo em vista dispensar auxílios à partida a frio, apesar de acarretar na exigência do filtro de material particulado para ser homologado nas normas de emissões mais restritivas devido à presença da injeção direta. Esse tópico antes vinha sendo um calcanhar de Aquiles somente para o Diesel, mas a situação vem mudando com uma massificação da injeção direta junto à ignição por faísca nivelando essa questão. Eventualmente o fato de ainda contar também com a injeção nos pórticos de válvula, adequada a combustíveis voláteis mas impraticável com o óleo diesel e a maioria dos substitutivos, é um dos poucos motivos que podem manter a competitividade diante de motores Diesel mesmo com o recrudescimento das normas de emissões atingindo também a ignição por faísca, tendo em vista que proporciona um maior resfriamento da carga de ar de admissão e por conseguinte uma diminuição nos índices de óxidos de nitrogênio (NOx) sem ter de recorrer por exemplo ao sistema SCR já muito usado em modelos equipados com motor Diesel e que depende do fluido-padrão AdBlue/ARLA-32/ARNOx-32 para pós-tratamento dos gases de escape.
O fato de ser tecnicamente viável oferecer a capacidade de operar com etanol no motor M20A seria um eventual pretexto para crer que estivesse adequado à intenção da Toyota em apresentar o primeiro híbrido flex com as versões nacionais do Corolla E210, embora usem o motor 2ZR-FXE baseado no mesmo projeto do motor 2ZR-FE usado em gerações anteriores, bem como dos 2ZR-FAE e 2ZR-FBE ainda usados em diferentes mercados nas versões não-híbridas do modelo. Apesar de ser oferecido o M20A-FXS em outras configurações de carroceria em mercados onde a hibridização chega a ser mais importante para o Corolla, a nível mundial o sedan conta só com o motor 2ZR-FXE quando oferecido como híbrido. O fato de contar somente com injeção nos pórticos de válvula, em que pese necessitar de pré-aquecimento elétrico para auxiliar a vaporização do combustível em baixas temperaturas ao usar etanol, ainda favorece a contenção de custos tanto pela maior simplicidade do sistema de injeção por ter menos linhas de combustível e metade da quantidade de bicos injetores quanto por dispensar o filtro de material particulado. Outro aspecto pouco lembrado quando se trata de híbridos, além do mais em função do retorno mais demorado do investimento em comparação a um similar com propulsão convencional, é que o motor mais simples e aparentemente defasado ainda é mais fácil de converter para gás natural. Portanto, se num SUV com proposta de sofisticação em decorrência do posicionamento da marca o custo desse aparato parece menos relevante, num sedan generalista que em outros países assume função análoga à do "carro popular" no Brasil o que aparenta ser uma economia porca é na verdade um reflexo do apego à imagem de uma maior simplicidade inerente aos motores de ignição por faísca como pretexto para privilegiá-los num momento em que o Diesel é tratado como indesejável por governos e organizações não-governamentais com objetivos obscuros.

2 comentários:

  1. O controle de poluição é bem mais complicado do que parece, mas para quem compra um híbrido só para ficar livre do rodízio em São Paulo ainda tem que inventar desculpas para dizer que vai ser sempre mais limpo que outros carros ou uma moto que sejam flex.

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    1. Sempre vão ter os que se iludem com as "verdades absolutas", e infelizmente tanto entre os altos-executivos da indústria automotiva quanto entre políticos tem muitos desses.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html