domingo, 28 de outubro de 2018

Caso para reflexão: Fiat Strada de um frigorífico

Vi na última sexta-feira no estacionamento do shopping Lindóia, aqui em Porto Alegre, essa Fiat Strada com baú refrigerado a serviço de um frigorífico especializado em carne de ovinos. Não é a primeira e nem vai ser a última pick-up pequena com tração simples e capacidade de carga nominal inferior a uma tonelada que eu vejo ser efetivamente usada para trabalho, e justamente numa atividade relacionada à agropecuária. Portanto, já está aí um argumento prático contra a alegação de que uma restrição ao uso de motores Diesel em veículos leves baseada na capacidade de carga nominal, tração ou acomodação de passageiros poderia ser benéfica para produtores rurais.

Não é sempre que uma pick-up média ou grande vá ser o tipo de veículo mais acertado para algum serviço, tanto por condições de tráfego que favoreçam uma caminhonete menor e mais ágil e fácil de manobrar em operações de distribuição quanto por uma redução nos custos de manutenção devido ao preço mais baixo de alguns componentes compartilhados com carros "populares". Até a menor quantidade de sistemas propensos a sofrer alguma falha, como se vê em algumas pick-ups 4X4 cujo custo de reparos na caixa de transferência pode corresponder à metade do preço duma pick-up compacta básica, também tem pesado a favor das pequenas desde a lida campeira até o escoamento da produção.

Não é eficiente privar o setor agropecuário brasileiro de opções já disponíveis no exterior, principalmente levando em consideração que a Fiat Strada feita no Brasil mesmo sempre contou com motores Diesel para exportação, e podem ser realmente usadas para trabalho pesado enquanto algum cowboy de posto usa uma pick-up média japonesa só como isca de pescar piranha nas baladas sertanejas ou forçando até capotar. Enfim, por mais que se insista que restrições ao Diesel assegurem a oferta de combustível para o transporte de cargas num país tão dependente do modal rodoviário, a migração de operadores comerciais para veículos leves faz dessa medida uma faca de dois gumes.

4 comentários:

  1. Para quem cria bicho em confinamento até daria certo tentar o biogás, mas aí no Rio Grande do Sul a gauchada é mais chegada na pecuária extensiva e ficaria bem mais difícil sair catando o esterco para jogar num biodigestor mesmo. São Paulo tem a facilidade do álcool, então até para fazendeiro pode compensar uma picape média flex. Mas para uma coisa mais unificada não tem outra saída, só o diesel e de repente o biodiesel.

    ResponderExcluir
  2. Por veces la gente cree que una pick-up con doble tracción es esencial en los servicios de las haciendas, pero de verdad no es así. Ya vi usaren incluso motos con sidecar además de los kuligligs para hacerlo todo en pequeñas haciendas. Acerca de la pick-up japonesa, creo que estés hablando de la Hilux, y yo veo más las de tracción trasera que las 4WD en trabajo pesado, además de las vans y chasis-cabinados de control frontal.

    ResponderExcluir
  3. A mãe de um colega meu da escola tem uma SW4 e nunca usou a redução, e se a tração não fosse permanente nas 4 rodas eu não duvido que também não tivesse usado. Realmente não faz sentido proibir os pequenos produtores de usar diesel num carro menor que possa atender bem e ser barato de manter, enquanto quem pode pagar por um carrão caro só pelo privilégio de usar diesel não aproveita nem metade dos recursos que tem na mão.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. 19 anos atrás quando a Fiat lançou a primeira Palio Adventure, o pretexto alegado foi justamente tentar atender a essa parte do público que quer o estilo mais abrutalhado dum utilitário off-road mas não usa a tração suplementar regularmente.

      Excluir

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html