terça-feira, 16 de outubro de 2018

Uma reflexão sobre a interrupção anunciada pela PSA no desenvolvimento de novos motores Diesel

Não há dúvidas que o Grupo PSA, detentor das marcas Peugeot, Citroën, DS Automobiles, Opel e Vauxhall, é uma referência no desenvolvimento de motores Diesel para veículos leves desde muitas décadas. Além do uso em modelos próprios como o lendário Peugeot 504 que fez tanto sucesso na Argentina, vale destacar o fornecimento de motores a terceiros como a Auverland francesa e a JPX brasileira para uso no jipe Auverland A3/JPX Montez e parcerias estratégicas com outras fabricantes como a Ford no desenvolvimento de motores como o DV4/DLD-414 usado em versões de exportação da 1ª geração do EcoSport. Portanto, é justificável que a informação recentemente divulgada de uma interrupção no desenvolvimento de novos motores Diesel por parte da PSA fomente preocupações.

A diminuição na participação de mercado do Diesel no mercado europeu, de 50% para cerca de 36%, já teria sido suficiente para acender o sinal de alerta quanto a uma maior dificuldade em obter retorno do investimento. De acordo com recentes declarações feitas no Salão de Paris de 2018 pelo diretor de produtos do Grupo PSA, Laurent Blanchet, o desenvolvimento de novos motores Diesel ou um fim da oferta dos mesmos depende de uma estabilização do mercado para que seja definida a estratégia. O executivo apontou que uma participação de mercado de 5% não justificaria manter a opção pelo Diesel, enquanto se permanecer por volta de 30% garantiria a permanência. Naturalmente, convém observar outros aspectos como eventuais efeitos do recrudescimento nas normas de emissões sobre a concentração de mercado no fornecimento de motores Diesel ou ainda uma resistência de fabricantes tradicionais ao outsourcing de motores e tecnologias correlatas como um possível pretexto para jogar a toalha, mas não é possível fazer apostas muito precisas nesse momento.

O custo de implementação e eventuais dificuldades de manutenção inerentes a novos métodos de pós-tratamento de gases de escape cada vez mais sofisticados também se torna um porre para boa parte dos consumidores europeus, que eventualmente se deixem seduzir pela aparente simplicidade que se nota em alguns motores de ignição por faísca que poderiam ser referidos como medíocres sem fazer nenhuma injustiça, tendo em vista a evolução muito mais lenta dos mesmos diante do Diesel ao longo dos últimos 20 anos. No caso da própria linha Peugeot, ao observarmos a 1ª geração da Partner ainda muito popular na Argentina e a geração subsequente, enquanto os rústicos motores XUD9 e DW8 acabaram perdendo espaço para o DV6 com turbo e injeção direta com gerenciamento eletrônico do tipo common-rail, no tocante à ignição por faísca o máximo que se fez for dar um de-rating de potência e torque no TU5.

É natural que a grande maioria dos consumidores tenha ficado desmotivado diante da vulnerabilidade de um filtro de material particulado (DPF) a oscilações na qualidade dos combustíveis e até do teor de cinzas no óleo lubrificante, além de eventuais restrições à circulação nas zonas centrais de cidades como Paris e Madrid. E por mais que o desafio do controle de emissões conciliado à manutenção de um desempenho aceitável possa ser vencido, tudo isso envolve um custo que ainda é considerado um tanto fora da realidade tanto por usuários particulares quanto por alguns operadores comerciais que não veem muita perspectiva de retorno do investimento numa convergência de tecnologias que já não são exatamente baratas como seria o caso de uma associação entre o Diesel e sistemas híbridos. E assim, até tecnologias como o sistema MGU-H originário da Fórmula 1 que poderia trazer uma maior previsibilidade no processo de combustão e aumentar a eficiência nos controles de emissões em uma faixa mais ampla de condições operacionais acabam ofuscadas por politicagens e pelo incentivo à mediocridade em detrimento de uma evolução tecnológica muito mais alinhada com a "sustentabilidade" que os discursos de políticos anti-Diesel.


Sem dúvidas, a mancha negra causada na reputação do Diesel nos últimos 3 anos em decorrência do escândalo "Dieselgate" protagonizado pela Volkswagen passou a ser explorada à exaustão pelas mais diversas vertentes do socialismo que tem usado o discurso ecologista-melancia como pretexto para inviabilizar atividades econômicas, por sua vez trazendo grandes prejuízos ao desenvolvimento de soluções no âmbito da segurança energética como o biodiesel. A competição com os híbridos, não só na Europa em função de benefícios concedidos até a modelos mais luxuosos como o BMW i8 e o Volvo XC90 T8 mas também nos Estados Unidos e no Japão onde a ignição por faísca é favorecida pela grande maioria do público generalista, foi sem dúvida outro duro golpe, mas outros fatores como a expansão do gás natural em países terceiro-mundistas como a Índia e a aposta num uso como o "combustível regional" do Mercosul e Boliviguay adjacências também vem suscitando dúvidas um tanto exageradas em torno da viabilidade futura do Diesel. A bem da verdade, por mais que a Volvo também tenha anunciado que interromperia a produção de motores Diesel e promoveria uma maior eletrificação/hibridização de toda a linha, o fato da atual arquitetura modular de motores servir tanto à ignição por faísca quanto ao Diesel com uma alta intercambialidade de componentes leva a crer que nem tudo esteja de fato se encaminhando para um passo tão radical.

Vale evocar ainda a memória dos Cruzados/Templários que lutavam contra o expansionismo islâmico na Terra Santa e posteriormente na Reconquista da Península Ibérica, enquanto na atualidade o front de batalha espalhou-se por praticamente todo o continente europeu. Por mais exagerado que possa soar à primeira vista, a adaptabilidade dos motores Diesel a biocombustíveis de produção regional é uma boa arma para secar algumas fontes de financiamento para a jihad islâmica que se instaurou na Europa. Logo, por mais que algumas questões estratégicas de cada fabricante para enfrentar as novas e cada vez mais restritivas normas de emissões pareçam sugerir o contrário, o Diesel ainda pode se manter relevante até para a sobrevivência da população européia nativa.

4 comentários:

  1. Cheguei até a arrepiar nesse último parágrafo. Mas olha, a não ser que aconteça algo muito errado e proibam de fato os carros 0km a diesel em outros países, será que não faria muito mais sentido as fábricas de carro comprarem motor de fora como ainda se faz em alguns modelos de caminhão? Sei lá, pode parecer loucura, mas um furgão desses da Peugeot mesmo vir com motor da Cummins ou da MWM.

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    1. Assim numa situação em que um pequeno grupo de fornecedores de motores possam ter uma escala de produção que justifique o custo de desenvolvimento dos sistemas de controle de emissões, realmente faria muito mais sentido o outsourcing.

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  2. Realmente não me parece muito boa a perspectiva, mas talvez os europeus levem um susto grande e decidam rever essas politicagens estúpidas que colocam todo o mercado de energia nas mãos dos árabes e dos chineses.

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  3. Tem quem diga que parar com a fabricação de motor a diesel seria bom para o meio ambiente, que fazem muita fumaça, mas até faz tempo que eu não vejo nem caminhão soltando aquela fumaça preta grossa.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html