A bem da verdade, pode soar tentador não fazer a transição para o turbo e a injeção direta que já põe em xeque a eficiência do downsizing no controle de emissões, além de eventuais dificuldades para as conversões a gás natural também serem relevantes. Até mesmo em modelos com uma pretensão mais sofisticada como o Lexus CT200h que compartilha a mecânica básica com o Prius, e teoricamente já poderia justificar a adoção de tecnologias com percepção de um maior valor agregado, é justamente a proposta de uma combinação de prestígio com a confiabilidade pela qual a Toyota fez fama que inibe maiores ousadias técnicas. Até as recentes apostas do conglomerado japonês no etanol para uso como combustível em veículos híbridos num futuro próximo, que poderiam levar a crer numa incorporação da injeção direta para dispensar auxílios à partida a frio como o "tanquinho" auxiliar que se usava nos carros movidos somente a etanol e nos primeiros "flex" brasileiros, continua não trazendo perspectiva de uma mudança radical na concepção dos motores. De certa forma, o recente lançamento do Toyota Yaris no mercado brasileiro só reforça essa percepção de conservadorismo, mesmo que o motor usado no modelo afro-asiático que passou a ser também produzido localmente não tenha incorporado aquele conceito mais difundido entre os híbridos de emular o ciclo Atkinson que já está se fazendo presente no modelo nipo-europeu.
Outro ponto bastante controverso no tocante aos motores Diesel é uma eventual perda de eficiência ao operar em regimes de rotação intermitente, tendo em vista uma relativa demora que se alcancem as temperaturas ideais de funcionamento quando comparados aos motores de ignição por faísca, que por sua vez tem mais esse parâmetro para ser ajustado de acordo com a temperatura e condições de carga. No entanto, modelos como o Peugeot 508 de 1ª geração que ofereceu desde versões "micro-híbridas" com o sistema start-stop junto ao motor 1.6 e-HDi (DV6) até o sistema Hybrid4 com o motor 2.0 HDi (DW10) e versões indianas do Suzuki S-Cross equipadas com o motor 1.3 DDiS de origem Fiat e um sistema BAS-Hybrid com um starter-generator de 48 volts capaz também de proporcionar algum grau de assistência motriz já colocam em xeque essa suposta inadequação dos motores turbodiesel da atual geração a um funcionamento mais intermitente em meio ao tráfego urbano. Além do maior rigor no controle de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) favorecer o uso de temperaturas de combustão mais baixas, não se pode ignorar que os sistemas de gerenciamento eletrônico tem proporcionado um controle cada vez mais apurado do funcionamento dos motores e proporcionando também ajustes nos ciclos de injeção inclusive de acordo com a temperatura.
Também cabe considerar o caso da atual geração do Ford Fusion mexicano e do Mondeo europeu, contando nos diferentes mercados onde é oferecido com opções de motor que vão desde a concepção tradicional de ignição por faísca com injeção sequencial e aspiração natural até o Diesel, passando pelo híbrido (inclusive a versão plug-in Energi que não é disponível no Brasil) e também tem opções EcoBoost enquadradas no conceito do downsizing com turbo e injeção direta. Enquanto nos países onde o modelo é importado do México é possível encontrar ao menos uma das 3 opções no espectro da ignição por faísca, sendo que no Brasil o Duratec de 2.5L é o único "flex" mesmo que se possa crer que o EcoBoost pudesse proporcionar melhores resultados justamente em virtude do turbo e da injeção direta, na Europa o híbrido é o único a contar com aspiração natural e injeção sequencial. Assim, tendo em vista que de certa forma o downsizing proporcionou alguma aproximação entre os motores de ignição por faísca e o Diesel no tocante à massificação da indução forçada, do recurso à injeção direta para permitir uma proporção ar/combustível mais pobre sem o risco de pré-ignição e até de aspectos indesejáveis como um incremento nas emissões de NOx e material particulado antes vistos como um calcanhar de Aquiles inerente ao Diesel, talvez até soe mais coerente partir para uma "dieselização" logo duma vez.
Considerando também aspectos práticos como uma racionalização da logística de combustíveis em frotas, bem como a natureza militar do policiamento ostensivo no Brasil e a época que a Brigada testou um Prius na área servida pelo 9º BPM aqui em Porto Alegre, não seria de se descartar que uma "dieselização" dos híbridos pudesse ser bem-vinda, tendo em vista uma certa discrepância no uso da ignição por faísca em viaturas leves enquanto o Diesel predomina nos camburões pelo menos desde quando a Chevrolet parou de oferecer o motor Vortec 4300 V6 na Blazer. Eventuais vantagens de um sistema híbrido em comparação a um câmbio automático convencional, cada vez mais requisitado por usuários com um perfil mais urbano mesmo na linha Diesel, também pesariam a favor da integração em detrimento da percepção de um antagonismo fortalecida pelo marketing. Enfim, por mais que inicialmente possa parecer que não tenha muito sentido, pode-se deduzir que não seria tão inoportuno "dieselizar" a oferta dos híbridos...
Já andei de Prius pegando Uber uma vez. O que mais me chamou a atenção é o silêncio. Ia ficar no mínimo curioso um Prius mais digamos sonoro.
ResponderExcluirÉ mesmo bem silencioso.
ExcluirTem uns malucos nos Estados Unidos adaptando mecânica do Prius até em pick-up antiga. Tenho lá minhas dúvidas de uma mecânica híbrida a diesel em vez de gasolina ficaria tão atraente, até porque americano que gosta mesmo de motor a diesel chega a se exaltar e brigar ou sacanear quem tenha um híbrido.
ResponderExcluirAté onde eu saiba, o único que conseguiu fazer uma conversão bem-sucedida numa pick-up usando a "mecatrônica" do Prius foi o Hoopie.
ExcluirAchei esse vídeo duma pick-up Chevrolet antiga que foi modificada com motor de Prius. Não sei nem o que dizer sobre isso, já que eu gosto de umas coisas mais "vintage" mas também devo reconhecer que algumas modernidades trazem conforto e ao mesmo tempo melhoram o meio ambiente.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=_dCdRWQLOPU
Justamente essa é a do Hoopie, e agora ele está montando um Karmann-Ghia híbrido com o conjunto motriz dum Prius também.
ExcluirKarmann-Ghia? Aquele com motor do fusquinha? Não ia ficar ruim com motor moderno, ar condicionado, e principalmente o câmbio automático para ter mais conforto de usar na cidade. Se eu já tivesse carteira de motorista, e carro antigo não estivesse tão visado para roubo, eu ficaria com vontade de ter um desses.
ExcluirEsse mesmo. Mas ao invés do câmbio automático, eu já me daria por satisfeito com a embreagem automática Saxomat.
ExcluirSe já é uma dificuldade fazerem um híbrido que possa usar etanol, um híbrido a diesel me parece até mais improvável mesmo que faça algum sentido. Mas nesse caso dos carros de polícia, se não deixar o desempenho muito amarrado e ao mesmo tempo garantir que possam rodar mais tempo sem parar para abastecer já ajudaria bastante.
ResponderExcluirPois é. Seria bem melhor do que eventualmente ter que abortar uma perseguição para não dar pane seca na viatura.
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